A Microsoft apresentou este mês a versão Beta do Microsoft Edge, baseado no projeto Chromium, para as plataformas Windows e Mac. Esta versão Beta, que vem complementar as versões Dev e Canary, terá atualizações a cada seis semanas.
Esperamos que esteja para breve o fim de vida do IE e do Edge tal como o conhecemos atualmente. O IE foi durante vários anos o browser por excelência para navegação na internet. Quando surgiu em 1995, veio com alguma celeridade retirar o domínio da Netscape neste mercado. O browser da Netscape tinha um custo para utilização comercial (aproximadamente $50) e nessa altura a Microsoft introduziu o IE gratuitamente. Ainda demorou alguns anos (poucos) até a Microsoft destronar a Netscape mas conseguiu, fruto não só da gratuitidade mas também da evolução rápida do seu produto em detrimento da posição mais amorfa do seu concorrente.
Anos depois a história inverteu-se. A Microsoft manteve a sua aposta no IE e nas suas tecnologias mais conservadoras e acabou por ganhar uma concorrência variada que, no início, não chegou para lhe retirar a supremacia nesta área. Até que a Google com o Chrome, lançado em 2008, veio aos poucos ganhando quota de mercado, tendo primeiro ultrapassado o Firefox e depois o IE. A Microsoft, de uma forma perfeitamente previsível, tentou segurar o domínio dos browsers, tendo lançado o Microsoft Edge em 2015. Para ser simpático, a penetração do Edge foi um desastre. Embora completamente integrado com o Windows, nunca conseguiu afirmar-se como o browser por defeito dos utilizadores. Embora com algumas reservas, utilizo o Google Chrome por defeito, pela velocidade e até pela compatibilidade no acesso à generalidade dos sites. Não raramente conseguiu abrir algumas páginas da Microsoft sem problema, ao contrário do IE e do Edge…
Mas, como (quase) sempre, a Microsoft está a querer dar a volta novamente. Agora com o Edge baseado no Chromium. Não conseguindo obviamente prever o futuro, parece-me que esta aposta vai ser vencedora, por várias razões. Em primeiro lugar, não necessariamente por ordem de importância, porque a base do browser é o mesmo do Google Chrome, que é o browser mais utilizado na atualidade.
Em segundo lugar, porque esta é apenas a base colocando os fabricantes posteriormente o seu know-how no desenvolvimento de algum código proprietário para personalizarem o seu browser. Aqui a Microsoft poderá ganhar uma grande vantagem porque é reconhecida a sua capacidade de adaptação, integração e interação dos seus variados produtos. Nem sempre, mas é uma tendência real.
A terceira razão para acreditar no sucesso do novo Edge, é verificar humildade da Microsoft em reconhecer que o caminho que estava a trilhar não era o mais vantajoso e teve a coragem de adotar uma outra solução, com o objetivo de ter um produto melhor e que satisfaça mais os seus clientes. Este foco no cliente em detrimento de ideias fixas, conservadoras e ultrapassadas, parece ser um dos trunfos para conseguir vingar neste ou noutro mercado. A isto junta-se a utilização de uma plataforma de código aberto e interoperável. Afinal não foi assim há tanto tempo que começámos a ouvir “Microsoft Loves Linux” ou “Microsoft Loves Open Source”.
Sabemos que a Microsoft, no final do dia, pretende ser uma empresa de sucesso. A número 1. A empresa que quer deter a maior quota de mercado e a maior rentabilidade possível. Isso não muda. O que tem vindo a mudar é a forma como conseguem lá chegar. E aqui, para quem acredita que a Microsoft, pela sua idade, poderia estar suficientemente moribunda para se reinventar, desengane-se. Continua a ser uma das Organizações de IT mais inovadoras e mais flexíveis do mundo. Keep going, Microsoft!