Será que podemos mesmo acabar com o e-mail antes que ele acabe connosco? Há quase dez anos que ouço que o e-mail vai morrer sendo apenas uma questão de tempo. Concordo! Apenas não sei quanto tempo é “uma questão de tempo”.
Quero já deixar bem claro que a minha opinião é que o e-mail vai ser substituído por outras tecnologias mas não estou tão certo que seja num curto espaço de tempo. Os estudos valem o que valem (desculpem a franqueza…) mas o Radicati Group diz que pelo menos até 2019 os utilizadores de e-mail e o número de e-mails trocados vão continuar a aumentar (http://www.radicati.com/wp/wp-content/uploads/2015/02/Email-Statistics-Report-2015-2019-Executive-Summary.pdf). Tenho algumas dúvidas relativamente à utilização pessoal pela natureza da informação que fazemos circular. Mas no setor empresarial não tenho grandes dúvidas que a quantidade de e-mails a circular vai continuar a aumentar.
A minha questão principal é o que poderá substituir o e-mail. Há uns anos atrás o pessoal do Facebook dizia que o produto deles em conjunto com o Messenger ia matar o e-mail. Mais recentemente muitos apregoam que soluções como o Slack é que vão acabar com o e-mail. A Microsoft responde com o Yammer ou mais recentemente com o Microsoft Teams. Pelo meio tivemos várias soluções como os SMS e as mensagens instantâneas. Na minha opinião todas estas tecnologias têm o seu espaço. O problema é que às vezes damos por nós a olhar para fabricantes, produtos e soluções para acabar com uma forma de comunicar. O e-mail não pertence a ninguém, não pertence a nenhuma empresa, não está agarrado a nenhum software específico embora existam dois ou três grandes players nesta área. O e-mail é universal. Posso usar qualquer tipo de dispositivo, de fabricantes diferentes, sabendo que, obedecendo aos standards, o e-mail que envio vai ser recebido pelo destinatário independentemente do software, fabricante ou provider de e-mail que tenha.
O e-mail e as soluções que nos permitem comunicar através desta tecnologia evoluíram para soluções de gestão de contactos, tarefas, agendas, projetos, etc. Por isso as empresas acabam por viver dentro do e-mail, mesmo com alguma diminuição na produtividade. A aplicação de tecnologias de Inteligência Artificial ao e-mail tem vindo a retirar ao utilizador tempo precioso para outras atividades e acredito que ainda têm muito espaço para evoluir.
Não se pense que considero o e-mail uma forma de comunicar insubstituível. Não o foram as cartas, os telex e os faxes, embora algumas destas tecnologias ainda continuem a existir. No caso da Knowledge Inside já há bastante tempo que evitamos a utilização do e-mail, adotando outro tipo de soluções que não nos absorvem tanto tempo e que permitem uma comunicação mais eficaz. Começou provavelmente pela utilização de intranet (Sharepoint), passou pela utilização do Yammer e mais recentemente adotámos a utilização do Microsoft Teams. Esta última é uma solução muito completa e que vai além da simples utilização do e-mail. Estou convencido que por utilizarmos estas tecnologias baixámos o flow de e-mail dentro da organização.
Um dos problemas é que quando queremos comunicar para fora, acabamos por fazê-lo maioritariamente por e-mail. Porquê? Por ser uma forma de comunicar universal. Se utilizo outras plataformas para comunicar corro o risco de o ou os meus destinatários, parceiros, clientes ou amigos, não utilizarem a mesma plataforma que eu, embora possa sempre convidá-los e motivá-los a utilizarem! O ideal seria existir um método que me permitisse comunicar no ambiente que utilizo e conseguir chegar ao destinatário da informação e à plataforma que ele utiliza, sem termos de utilizar as mesmas ferramentas. Assim seria possível deixar de utilizar o e-mail para passar a utilizar outra solução que eu quisesse independentemente da solução que a outra pessoa utilizasse.
Por tudo isto, penso que o e-mail não morrerá tão cedo, pelo menos no âmbito empresarial. As novas formas de comunicar também não devem ser de todo desprezadas. Então porque não aproveitar o melhor de todos os mundos? É nisso que acredito.