Parte do meu trabalho passa por conhecer e estar atualizado com as funcionalidades que os grandes fornecedores de infraestrutura cloud oferecem. Cumprir esta tarefa está no entanto a tornar-se bastante difícil, tendo em conta a cadência com que qualquer um dos “Big Three” (Amazon, Google e Microsoft) lançam novas funcionalidades. Só no último ano a Microsoft lançou mais do que 500 novas funcionalidades e serviços. A Amazon em 2015 já conta com cerca de 370 novidades registadas.
Este tipo de inovação e ritmo de desenvolvimento é de louvar e eu, tecnológico que sou, apesar de não conseguir acompanhar em tempo real todas estas alterações, agradeço sempre a entrega de novas ferramentas e funcionalidades. Mas questiono-me: Será viável operar e suportar com qualidade uma infraestrutura em que todos os dias existem novos releases para entrar em produção? Estará o mercado empresarial recetivo a este ritmo?
Na minha opinião, julgo que esta cadência é incomportável e desnecessária. Incomportável, porque se torna bastante difícil manter estável uma plataforma que está em constante mudança. Desnecessário porque o mercado também não está propriamente à procura do vencedor de uma “cloud race”.
No caso específico do Azure, este ritmo de entrega de novos serviços já demonstra alguns problemas, nomeadamente documentação desatualizada e uma gestão confusa, com dois portais distintos e uma série de funcionalidades que apenas conseguimos gerir por powershell. A nível do suporte, também já sentimos dificuldades, que se traduzem por vezes em tempos de resposta altos até se encontrar a solução para os problemas, principalmente em funcionalidades mais recentes.
Esta cadência de atualizações torna também todo o sistema mais complexo de gerir e dominar, o que afasta as pequenas e médias empresas de soluções cloud. A complexidade dos portais de administração e nomenclatura usada por qualquer um dos grandes fornecedores é de difícil alcance ao comum dos mortais. Desengane-se quem pense que a função de “administrador de sistemas” está em risco com o surgimento de clouds como o Azure ou AWS. Para gerir uma solução assente numa destas plataformas é necessário um especialista.
É uma evidência que este modelo de plataforma e infraestrutura como um serviço, veio para ficar e os benefícios que as empresas de uma forma geral podem retirar da oferta destes grandes fornecedores são imensos e em alguns casos diria mesmo incontornáveis. No entanto, temo que o ciclo de atualização destas plataformas seja mais rápido do que aquilo que os clientes necessitam e que esta estratégia possa ter o efeito inverso do desejado, ou seja abrandar o ritmo de migrações para a Cloud.