Já tem um plano de Disaster Recovery and Business Continuity? Ótimo. Tem a certeza que funciona? Depois de implementar um plano de DR & BC a pior coisa que pode fazer é não fazer mais nada por ele. É exatamente o que muitas empresas fazem. Após investirem uma parte do seu orçamento de TI a preparar e implementar o seu plano de DR, entendem que a partir daí não é necessário fazer mais nada porque presumem que o plano funciona de início e em qualquer altura.
Fico às vezes surpreendido com a leveza com que as organizações (e alguns parceiros de negócio…) tratam deste tema. Atualmente é relativamente simples estudar e implementar um plano de DR. Com a utilização massiva da Cloud e os seus valores de investimento a tender para zero e a quase total da virtualização de sistemas, muitas empresas avançam rapidamente para a implementação de um plano de DR. Diria até que algumas empresas o fazem porque é sexy ou porque podem sempre em conversas com amigos dizer que o fizeram. Porém o DR deveria ser uma das principais preocupações dos gestores das organizações. Alguns dos passos da sua implementação envolvem a identificação dos processos e sistemas críticos do negócio, a análise do impacto da sua indisponibilidade, definição dos tempos de perda de dados aceitável e do tempo máximo que os sistemas podem estar inacessíveis, eventuais alterações à infraestrutura e a processos para que comportem corretamente o plano de DR e a formação das equipas envolvidas neste processo.
A todos estes passos junta-se obrigatoriamente, os testes a todo o plano. Estes testes começam tipicamente quando o plano acaba de ser implementado. O primeiro teste tem como principal objetivo a realização de afinações e alterações ao plano de forma a garantir que este fica 100% funcional. Depois deste primeiro teste e no caso de haver alterações ao plano (há sempre…) realiza-se um segundo teste. Este supostamente já deverá ser um teste definitivo e com o objetivo de que tudo corra bem e conforme foi planeado.
Agora que o plano está estudado, implementado e testado podemos ficar descansados que quando for preciso ativá-lo, tudo correrá sobre rodas, certo? Não! Não! Não! Errado! Poderá até correr bem por mera coincidência mas devemos ter em consideração vários aspetos.
Em primeiro lugar, e quem integra as equipas de TI sabe perfeitamente disto, (quase) todos os dias se fazem alterações à infraestrutura. Mais um serviços, mais um servidor virtual, umas alterações à interação de cada uma das aplicações com bases de dados, etc. Há sempre uma alteração que muitas vezes não é refletida no plano de DR. E não me refiro apenas a um servidor virtual estar ou não sincronizado com o site de DR. Muitas vezes está mas não se leva em conta o impacto que as alterações poderão ter no momento de ativar o plano.
Não deve ser esquecido que o plano de DR não se resume apenas a tecnologia. Muito pelo contrário. Envolve pessoas que deverão estar preparadas e conscientes dos passos a tomar aquando da sua ativação. Envolve a monitorização contínua dos sistemas. Envolve a atualização dos sistemas que deverão estar cobertos pelo plano. Tudo isto é validado na altura dos testes. Os testes servem assim para dar uma prova a toda a organização que, no caso de alguma coisa correr mal, o negócio não vai parar mais do que o admissível.
Quando devem ser efetuados os testes? Não há uma resposta única a esta pergunta. No máximo o teste deve ser efetuado anualmente. No entanto, o teste pode e deve ser efetuado sempre que existam alterações significativas ou críticas no ambiente produtivo. Devemos ter em consideração que quanto mais testes forem feitos maior é a certeza de funcionamento quando for mesmo necessário. Claro que os testes têm um custo e por isso tem de haver equilíbrio na periodicidade dos mesmos, mas que vale prepararmos tudo, investirmos neste plano, exigir que a quantidade de informação perdida seja apenas de alguns minutos ou horas, se depois não conseguimos colocar em prática todo o plano? Nada. Não vale nada. Por isso, depois de implementar o plano de DR, teste-o. Teste-o muito. Teste-o sempre que possa. E leve a sério o resultado dos testes pois daí poderá depender a continuidade do negócio da organização.