A Transformação Digital das empresas está na ordem do dia e um grande número de organizações está bastante sensível ao tema e comprometida na jornada da sua própria transformação.
O tema é no entanto muito abrangente e por vezes pode ser complicado materializar o que é isto da transformação digital e que impacto é que o mesmo tem no negócio e na vida dos consumidores ou das empresas. Nada melhor então do que explicar com exemplos!
A ideia ocorreu-me durante uma recente viagem ao evento “Microsoft Ignite” em Atlanta nos EUA, onde de forma natural durante várias etapas da viagem fui beneficiando de diversos processos já convertidos para o mundo digital em que vivemos hoje.
O Microsoft Ignite é um evento gerido através de um website central e de uma APP para telemóvel. É neste website onde se efetua o registo e inscrição para o evento e onde com o evento a decorrer podemos escolher as sessões onde vamos participar. Escusado será dizer que todo o processo de inscrição é eletrónico e efetuado exclusivamente online.
Participação confirmada, segue-se a preparação da viagem. Sorte a minha que tenho o Passaporte em dia, menos uma preocupação! O governo Americano exige que trate de uma Autorização Eletrónica de Viagem designada de ESTA. Um género de visto eletrónico. Este processo é totalmente feito online através de um questionário exaustivo, seguido de um pagamento por Paypal!
Terminado o pagamento, a autorização é emitida na hora. Tendo em conta que provavelmente os meus dados e perfil são analisados antes da autorização ser emitida, é realmente transformador este processo, pois no mundo não digital levaria certamente alguns dias.
Segue-se a estadia, vamos lá ao Booking.com! Bastante conhecida, esta plataforma revolucionou a forma como viajamos. Nunca foi tão fácil escolher hotéis, comparar preços e ver comentários de pessoas reais. O impacto deste tipo de plataformas no negócio do turismo é altíssimo e beneficiou todos os intervenientes. No booking, devo dizer que não fiquei muito satisfeito com o que encontrei. Já quase todas as opções com boa relação qualidade/preço estavam já esgotadas, acabei por reservar um hotel apenas como salvaguarda. Na reserva pedem-me o cartão de crédito assegurando que nada será debitado a não ser que não faça o check-in (nesse caso debitam-me uma noite). Sendo assim fui ao MBNet, plataforma digital da SIBS que permite criar cartões de crédito virtuais associados ao cartão real mas com plafonds e validade limitados e lá criei um cartão com um plafond equivalente ao valor de uma noite no hotel escolhido. Posto isto rumei ao Airbnb à procura de melhores alternativas.
Pode-se dizer que o Airbnb é o uber do alojamento local. Aqui podemos encontrar apartamentos e quartos para alugar por todo o mundo. O sistema faz a intermediação entre as partes e controla o pagamento. A plataforma pela sua natureza de comentários e controlo traz de forma implícita uma segurança acrescida que nenhum site de anúncios convencional consegue dar. Após extensa pesquisa lá encontrei um apartamento com excelentes comentários e num local bastante central. Avancei com a reserva, que implicou um rigoroso controlo a mim próprio, incluindo scan do passaporte e um questionário quase parecido ao do ESTA! Após o pagamento, que por sinal só é entregue ao proprietário 24 horas após o check-in, fui de imediato contactado pela dona do apartamento através do sistema de mensagens do Airbnb com todos os detalhes que precisava. Devo dizer que esta foi a fase que mais me surpreendeu durante esta viagem. A dona da casa não reside em Atlanta, tem o apartamento para rentabilizar na plataforma e tem todo o processo de acolhimento automatizado. Na mensagem de boas vindas, avisou que não nos íamos encontrar e enviou todas as instruções inclusive códigos de acesso à habitação (sim não há chaves), password do wi-fi, netflix, contactos de emergência, etc. Se tudo corresse bem não iria falar com ninguém. A experiencia seria a de quem está a chegar à sua própria casa! Fiquei um pouco apreensivo com o processo e pelo sim pelo não decidi não cancelar a reserva no hotel e sujeitar-me à taxa de uma noite por não comparecer no mesmo.
Bilhetes de avião! Nada de novo, já há muito que as companhias áreas efetuaram a transformação digital do seu negócio. Reservas, alterações, check-in, cartões de embarque, tudo é digital e efetuado em tempo real sem necessidade de interação humana ou papel!
Chegada a hora da viagem, la vamos nós com os bilhetes de avião, a morada do apartamento e a confirmação de inscrição do evento, tudo guardado no smartphone!
Já em Atlanta, foi a vez do uber cumprir a sua missão e fazer-nos poupar 15 dólares em relação a um convencional taxi.
A chegada ao apartamento foi uma experiencia por si só. Devo dizer que estava um pouco ansioso! O uber deixou-nos à porta do prédio, prédio este que eu já tinha visionado previamente pelo Google Street View, e lá vamos nós como se fossemos da casa, introduzi o pin na porta do prédio e… abriu! Seguimos para os elevadores, oitavo piso, chegamos à porta do apartamento. Mais uma vez inserir um código numérico, a porta abre e respirei de alívio.
Tudo era como nas fotos. Tudo funcionava (incluindo o wi-fi). Expetativa totalmente cumprida! Durante toda a semana nunca foi necessário interagir com a proprietária da casa.
Em Atlanta o TripAdvisor foi um excelente conselheiro de restaurantes e locais a visitar, a chatbot do evento (Assistente virtual no Facebook Messenger) respondeu a todas as minhas questões acerca da conferência e para comunicar por voz e texto o whatsapp foi a ferramenta de eleição. De realçar que em Atlanta existe wi-fi aberto em qualquer espaço comercial.
No regresso, mais uma vez tudo correu de forma tranquila e sem necessidade de recorrer a meios analógicos!
Facilmente se deduz que de facto a transformação digital está a acontecer e entra nas nossas vidas de forma natural ao ponto até de condicionar as nossas opções como clientes. É por esta razão que todas as organizações devem refletir sobre o tema e evitar ficar para trás!