Cem mil participantes e mais de oitocentos oradores, a Web Summit até parece que vai em contraciclo ao anunciar a maior conferência de sempre para 2020. Eu vou lá estar (virtualmente) e com a expetativa em alta.
Estive presente em todas as edições da Web Summit em Portugal. O evento é gigante, ao ponto de, no último ano, ser muito difícil conseguir um lugar em qualquer sessão para além das realizadas no centre stage (Altice Arena). Os diversos balcões com startups vão rodando todos os dias e fervilham ideias e novidades. A agitação é energizante.
São três dias intensos e diferentes de todas as outras conferencias, mais técnicas, em que regularmente participo. Ali a procura é por inspiração nas mais variadas sessões e por conhecer startups com ideias que me pareçam promissoras. Estamos num fórum de inovação e tecnologia, por isso sinto-me em casa.
Este ano, resultado da pandemia, o evento vai ser virtual. Assim vamos ficar em casa ou no escritório, agarrados a um ecrã do telemóvel e do computador (sim são duas apps distintas e as duas necessárias) e sem o corrupio e euforia que o evento tradicional já nos habituou. Será que vai funcionar?
Para dizer a verdade, como já escrevi neste espaço acerca do Microsoft Ignite, não sou grande fã de eventos virtuais. Um evento presencial tem o contacto, o sentir a audiência a reagir, uma vibração e energia que não se explica. A conversa ocasional entre participantes nos intervalos, nas filas e nos almoços é difícil de replicar no mundo virtual, ou pelo menos tem sido até aqui.
Estou um pouco expectante. Já se sabe que a app utilizada para a gestão do evento, foi contruída de raiz para a Web Summit, já foi testada no evento Collision com mais de trinta mil participantes e foi um sucesso. Diferenciando-se de plataformas como o Zoom ou o Teams, a Web Summit apostou uma plataforma específica para grandes eventos e pelas inúmeras críticas positivas da sua utilização no Collision parece que acertou no formato.
A ideia para este ano é usarmos duas apps: A aplicação clássica no telemóvel com o planeamento, pesquisa e marcação das sessões e ligação a outros participantes e a novíssima aplicação web para utilizar no PC onde poderemos assistir às sessões, participar em sessões de perguntas e respostas e até conversar de forma aleatória com outros participantes, tentando recrear os encontros ocasionais que acontecem nas filas ou nas entradas para um novo palco.
Por falar em palco, estes foram substituídos por canais numa analogia direta ao formato de palcos do Web Summit. Assim teremos 5 canais cada um com a sua programação diária e um deles exclusivo a Portugal e oradores Portugueses. Teremos também uma área dedicada às master classes e outra para Q&A. Na aplicação poderemos alternar entre os canais como se fosse uma televisão. Tal como nos lives das redes sociais, podemos enviar emojis dando assim feedback em tempo real à sessão, se o feedback for negativo, podemos inclusive “atirar” tomates.
Em resposta à conversa ocasional a aplicação disponibiliza o Mingle, uma espécie de speed dating onde falamos em vídeo call durante apenas 3 minutos com um participante ao acaso, podendo no final assinalar a relevância da conversa para o motor de inteligência artificial afinar os nossos interesses e seleção de futuras conversas.
A aposta do Paddy Cosgrave para este ano é elevadíssima e não sei se mais complicada de executar bem do que no formato clássico. Será o sucesso desta edição que vai determinar se a empresa vai marcar a norma na organização de eventos online e conseguir, como é sua ambição, licenciar o software a outras grandes conferências.
Para quem não está inscrito, fica a informação de que todas as sessões transmitidas a partir do centre stage (canal 1) serão de livre acesso. Bom evento a todos os participantes e vemo-nos por lá!