Uma subcategoria de esquemas românticos, e um tipo de fraude onde o agressor usa técnicas de engenharia social para alavancar uma relação emocional. No caso de um esquema de romance do exército, o agressor vai fingir ser militar. Adotar esta persona serve duas funções: fingir estar no exército, e talvez em digressão, fornece ao agressor uma desculpa para não poder visitar e ver a vítima, e não ser autorizado a ligar a sua câmara.
O objetivo é geralmente, mas não exclusivamente, obter ganhos financeiros ou fazer com que a pessoa faça algo em nome do agressor. Os esquemas de romance do exército não só estão empenhados em extorquir dinheiro à vítima, mas também em roubar informações pessoais e credenciais para a realização de outros esquemas de roubo ou fraude. Sites como military.com frequentemente relatam esquemas envolvendo militares personificados, e às vezes até generais altamente classificados
Apesar de não muito comum em Portugal, eu fui um dos felizes contemplados deste ataque e não obstante o ter detetado de imediato, decidi levar o processo até ao final para o poder documentar e relatar neste espaço.
Tudo começa com uns likes, que recebi de uma publicação no meu Facebook, de uma mulher atraente e estrangeira. Rapidamente esse likes escalam para um pedido de amizade.
O Perfil da mulher de nome Bene Volence (Elena Sanchez), a um olho menos atento, não levanta muitas suspeitas. Houve um esforço para que parecesse minimamente legítimo. Tem diversos amigos, posts e comentários ao longo do tempo.
No entanto, numa análise mais detalhada reparamos que em todos os posts e fotos foi usado um técnica para que o perfil parecesse ter alguma antiguidade: A edição da data da publicação. Esta é uma funcionalidade do Facebook, que nos permite adicionar por exemplo uma foto e colocá-la na timeline na data em que a mesma foi tirada.
Ao verificarmos o detalhe da cada post, vemos então que todos os posts têm a mesma data de publicação, o que indica que algo não está bem. Ao pesquisar pela foto de perfil no google, encontrei também esta mesma mulher no Twitter, num perfil real, terá sido daqui que o atacante roubou as fotos. Não há dúvida nesta altura que estou perante um perfil falso. Mas segui em frente.
Depois de aceite a amizade, quase de imediato o criminoso inicia uma conversa por Messenger e contextualiza a situação indicando que é militar Americana e que está em missão na Síria. A conversa flui, apesar de alguns estranhos enganos na linguagem. Sente-se uma urgência em passar a conversa para o WhatsAPP ou Google Chat, alegando que não pode usar redes sociais na base.
A real razão da urgência em trocar o canal de comunicação, está relacionada com o receio que o perfil do Facebook seja denunciado e o criminoso perca o contacto com a vítima.
Trocámos então o canal de comunicação para o Google Chat, e a conversa dura por vários dias, com o atacante a tentar saber mais sobre mim de forma a conseguir estabelecer uma relação afetiva. Curiosamente, não se sente urgência no escalar da relação, mas é transmitido uma sensação de carência e de persistência na manutenção do contacto. Percebe-se também que nem sempre é a mesma pessoa que está do outro lado, o que indica que esta é uma organização criminosa de alguma forma estruturada.
O escalar do esquema surge então forçado por mim que dou o passo seguinte na ligação afetiva e romance. A partir daqui, arranca o esquema e o sentido de urgência. É apresentada a hipótese da saída da base por um determinado período para me visitar em Portugal e eventualmente combinar o noivado. O esquema para ter alguma credibilidade envolve o comandante do departamento de licenças que tem de autorizar a saída.
Assim a pedido da Elena enviei a requisição por e-mail (endereço do gmail) ao “comandante”, que prontamente me respondeu com três opções de autorização da saída:
O pagamento deveria ser feito a um IBAN Português do banco CTT:
Confesso que fiquei surpreendido pela conta de destino ser nacional. Certamente a conta bancária desta pessoa estaria comprometida e a ser usada como intermediária para fazer chegar o dinheiro ao destino. Com o desfecho da história desvendado, liguei para o Banco CTT a denunciar o sucedido, ao que me foi comunicado que não poderiam, por questões de segurança, receber os dados da conta em causa por via telefónica. Enviei então um e-mail ao qual ainda não tive qualquer resposta.
Quanto à Bene Volence (Elena), reportei a conta no Facebook e bloqueei-a, algo que deverão fazer de imediato assim que detetem que estão perante uma fraude do género.
Mantenham-se atentos e seguros.