Porque é que todas as organizações precisam de uma break glass account
Enquanto muitas empresas discutem modernização, cloud nativa e zero trust, há um elemento discreto, mas vital, que continua a ser ignorado: a break glass account. Esta conta de acesso de emergência, presente em inúmeros planos de segurança, deveria ser tratada como um recurso essencial. Na prática, é muitas vezes subutilizada, mal implementada ou simplesmente esquecida.
O que é e porque é tão importante?
A break glass account é a última linha de defesa. Quando um administrador perde acesso ao PAM (Privileged Access Management), quando a autenticação multifactor bloqueia a equipa, ou quando um erro inesperado impede o acesso ao Active Directory, é esta conta única que permite recuperar o controlo imediato.
Pode parecer uma medida básica, mas são poucas as organizações que lhe dão a devida atenção.
O paradoxo do acesso de emergência
O maior problema? Criar a conta e nunca mais lhe tocar… até ser tarde demais. Sem testes, sem atualizações, com senhas obsoletas ou autenticação desadequada, esta conta transforma-se num risco silencioso.
Eis alguns dos erros mais comuns:
- Falta de testes regulares: sem validações periódicas, arrisca-se que, no momento crítico, a conta falhe, seja por senha expirada, MFA desativado ou políticas desatualizadas.
- Armazenamento negligente: senhas guardadas num ficheiro local, cofres digitais sem controlo ou notas físicas facilmente acessíveis tornam esta conta mais perigosa do que útil.
- Uso indevido no dia a dia: transformar o acesso de emergência numa entrada secundária para tarefas rotineiras compromete todo o seu propósito, e reduz drasticamente a segurança.
Como mantê-la “viva” e eficaz
Com base nas boas práticas de gestão de identidade (como as recomendadas pela Microsoft Entra), aqui ficam quatro medidas fundamentais:
- Criação antecipada e bem isolada
A conta deve ser criada com tempo, separada de identidades normais e configurada com autenticação robusta, como FIDO2, fora das políticas usuais de MFA. - Testes regulares e calendarizados
Pelo menos uma vez por trimestre, deve ser verificado o acesso, atualizado o método de autenticação e registada a atividade. - Armazenamento seguro e controlado
Utilizar cofres físicos selados ou soluções digitais encriptadas, com controlo de acesso limitado. O ideal? Dois responsáveis, dois meios distintos de acesso. - Uso estritamente em cenários de emergência
A conta deve ser ativada apenas quando necessário, descativada após a sua utilização, com troca de credenciais e registo completo da ocorrência para posterior auditoria.
Ignorar ou menosprezar esta conta é assumir um risco real. Imagine-se a enfrentar um ataque ou um bloqueio interno sem acesso ao painel de controlo, é como tentar abrir algemas sem chave.
Se há planos definidos para cloud, para MFA, para backups, para proteção de endpoint… por que razão continua esta linha de defesa a ser tratada como uma nota de rodapé?
Conclusão
A break glass account não é uma sugestão decorativa em manuais de segurança. É uma garantia de resiliência! Mas exige disciplina, testes frequentes e uma estratégia de gestão clara.
Quem a implementar hoje e a tratar com o rigor necessário, amanhã pode evitar um desastre. Quem a esquecer… corre o risco de descobrir, no pior momento, que o seu castelo digital tinha uma única porta de vidro, e já estava estilhaçada.